ORLA - Espiral Medusa

Happy birthday to my dear friend João Pedro Amorim.

O NADA

Um incerto dia fora, 5 amigos dançavam de mãos dadas horas a fio com um fio de orar a Dada, à volta dum cacto gigante que vinha à boleia de Málaga, um deles, chamado João Pedro, virou-se para outro deles, de seu nome João Pedro e disse-lhe assim:

— UNO há-de… e daí tudo. — ao que o outro retorquiu, baralhado: — Dali, donde?

O lago da Pedra da Ferida ecoou “Uno há-de…” num tom de voz grávido, típico de quem não pode jogar uma switch, e lembrem-se que ali estavam de momento +4.

— d’O nada. — E quando?

A cascata abafava a conversa, mas as árvores murmuravam “Uno há-de…” num tom de voz arroz-agulha de quem recebe swipe right all night.

— Quando todos puderem mentir, sem ser um tabu adamastoramente punível pela comunidade. — Ah! Ah, boa. Ok, mas isso é mais ou menos quanto em horas? — O templo é guelras tive. — disse João Pedro a João Pedro rindo-se do seu próprio trocadilho infeliz incontrolavelmente como um peixe-balão que se quer metamorfosear num lutador profissional de ergo sumo, mas na liga d’Aliança Velha (de rótulo dourado).

Valério, como um típico animal autóctone das falésias, lia poesia francesa deitado num penedo, é impossível perceber se percebia os amigos.

— Ah! Podias ter dito logo! Portanto, lá pás 4:20 enterra a Lua?

Ao longe, acima da cascata, via-se o Alçada a subir uma árvore.

“Que nunca caia” — rezavam as fadas num uníssono tal, que pareciam rabugentas. Metade delas adormeceriam, entretanto.

— Nunca, em tal vez num quintal vês que ficámos todos cegos sum.

Inesperadamente começam todos a indagar, numa impossível sincronia, porque raios nunca leram a obra-completa de Rúben A. Ao que Rúben A. se vira para eles e diz:

—Oh que caralho. Dêem-me mas é a puta das chaves-do-carro!

Enfurecido, o Areal vira-se e não responde visto que nem sequer estava lá.

— Pedro Petrus “pᴼᴸᴸᴵᴱdro”, o Pedra-Calhau (written on April 1st 2020, originally published in my facebook page).

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